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Minha filha quer ser piloto de avião. E agora?

Quando a gente acha que os dilemas de gênero estão quase superados, surge uma pessoa que faz questão de provar o contrário. Todo mundo conhece alguém que continua fazendo declarações sobre o que parece nunca sair de moda: os tabus relacionados ao binarismo de gênero e sexualidade.


No universo das profissões, esse binarismo – mesmo que já não mais de maneira explícita – prevalece. Além das estatísticas relacionadas a salário e desemprego, sempre desfavoráveis às mulheres, existem obstáculos na escolha da profissão. O imaginário de que meninas devem vestir rosa permeia também o âmbito profissional. Responda para si mesmo: se sua filha quisesse seguir uma profissão considerada “masculina”, como você reagiria?


Apoio incondicional


De acordo com Bruno Souza, psicólogo do Colégio Positivo, nesses casos, é fundamental o apoio dos pais. “Se os pais não apoiarem, o filho ou a filha talvez faça um curso com o qual não se identifica, e aí serão grandes as chances de frustação e de prejuízos na vida pessoal”. Como o trabalho ocupa uma parte significativa da rotina das pessoas, é importante se sentir feliz e realizado na profissão.


Conforme explica o psicólogo, os pais não precisam concordar ou discordar do filho, mas orientá-lo, esclarecendo os prós, os contras e as responsabilidades que fazem parte de qualquer carreira. “O adolescente precisa estar ciente das consequências de sua escolha. Então, o melhor caminho para os pais é aceitar o que o filho ou a filha deseja e ajudá-lo ou ajudá-la da melhor maneira”, analisa.


Mulheres na cabine de comando

Após o início do século XX, no Brasil, as mulheres protagonizaram grandes conquistas: do direito de votar e participar da política ao direito de estudar e trabalhar. E, felizmente, pelo menos no nível das discussões, a sociedade reconhece e celebra todos esses avanços, entendendo que pessoas do sexo feminino têm potencial para ocupar qualquer espaço no mercado de trabalho.


Mas, na prática, elas ainda enfrentam uma série de dificuldades para concretizar um sonho profissional.

Primeiro, há as dificuldades internas: as mulheres foram habituadas a acreditar que seus espaços de atuação são limitados. Depois, os reflexos dessa crença surgem como obstáculos externos: o machismo, o preconceito, a discriminação e as várias formas de violência.


Em nosso país, principalmente, existe a crença arraigada de que algumas profissões são mais apropriadas para os homens – pilotagem de aeronaves, engenharia, construção civil etc. – e outras para as mulheres – pedagogia, enfermagem, estética etc. No entanto, segundo Souza, esses antagonismos fazem parte de uma construção social, cultural e histórica, que remete aos tradicionalismos existentes em certas famílias ou comunidades.


“Nesses contextos, a pessoa nasce e cresce aprendendo que certas profissões ou características são reservadas a mulheres ou a homens”. Porém, de acordo com o psicólogo, a inclinação a determinado tipo de atuação profissional não depende de gênero, mas, sim, da história de vida, dos interesses pessoais e das habilidades ou dons próprios de cada ser. “É isso o que faz alguém se identificar com uma carreira em particular”, completa.


Hoje, existem mulheres desempenhando brilhantemente suas
funções em áreas anteriormente ocupadas apenas por homens. Isso é resultado de
lutas iniciadas gerações atrás, que contribuíram para abrir a mentalidade
humana e permitir a variedade de manifestações. E, pouco a pouco, a ousadia
feminina encoraja também os homens a se expressarem de maneiras diversas: cada
vez mais, eles se sentem livres para, assim como elas, vestir qualquer cor e
exercer qualquer profissão.


Acompanhe o episódio do Posicast, intitulado Como incentivar as meninas a seguirem as carreiras que elas quiserem?

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