O projeto “Lendo e Aprendendo – Parte 2: como podemos incentivar a leitura nas escolas?”, de Louise Fátima Silva da Paixão, estudante do 9º Ano do Colégio Positivo – Jardim Ambiental, se tornou um dos grandes destaques da Feira Nordestina de Ciências e Tecnologia (FENECIT) de 2025. Com foco no incentivo à leitura entre jovens, a pesquisa recebeu 1º lugar na área de Linguística, Letras e Artes, além de ter sido escolhida como Destaque Regional Sul. Por meio de seu desempenho, a pesquisa da estudante foi credenciada para representar o Brasil na Exposciences Milset Europe, feira internacional que será realizada em 2026, na Itália.
O “Lendo e Aprendendo” nasceu a partir do desejo da estudante de compartilhar sua paixão pelos livros e mostrar os benefícios para o aprendizado. No início de 2025, o projeto foi finalista na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE) e ganhou visibilidade nacional. A partir do impacto e do alcance de sua trajetória, Louise passou a investigar o comportamento dos jovens diante das tecnologias. “O objetivo principal dessa pesquisa é refletir como a mudança de hábitos causada pelas grandes evoluções tecnológicas vem impactando o hábito de leitura e a vida acadêmica dos jovens”, explica.
A ideia ganhou força quando ela percebeu como os celulares passaram a ocupar todo o tempo disponível dos adolescentes e como a velocidade da vida digital afastava os jovens do hábito de leitura. “Era como se a função principal do celular fosse ocupar os cinco minutinhos de ócio, mas o uso logo se estendia por uma ou duas horas”. Diante desse contexto, surgiu o “Lendo e Aprendendo – Parte 3”, que amplia o debate sobre o equilíbrio entre tecnologia e formação leitora e reforça a importância do incentivo à leitura entre jovens como estratégia para o desenvolvimento acadêmico.
A pesquisa de Louise revelou um dado preocupante: cerca de 79% dos estudantes entrevistados utilizam o celular por mais tempo do que as 2 a 3 horas diárias recomendadas pela OMS para sua faixa etária, e 20% passam mais de um quarto do dia diante das telas, o que interfere diretamente na criação do hábito de leitura. Apesar disso, por compreender o cenário atual, Louise então decidiu recorrer à tecnologia como aliada. “Mesmo que possa parecer contra-intuitivo, essa é uma maneira de inserir a leitura em um meio que os adolescentes já estão acostumados. O projeto não é contra o uso de tecnologias na educação, mas defende que a implementação seja consciente”.
Com essa proposta, Louise criou dois aplicativos, aplicando metodologia científica tanto nas pesquisas teóricas quanto na criação dos protótipos. O “Lendo e Aprendendo – Clube do Livro” foi desenvolvido para fortalecer as atividades do clube já existente, permitindo que os estudantes acompanhem suas leituras, registrem avanços e participem mais ativamente das discussões, com recursos inspirados no Diário de Leitura e elementos de gamificação, como níveis e emblemas. Já o Conecta – Momentos de Leitura foi pensado para uso em sala de aula, especialmente nas turmas do Fundamental II, oferecendo um ambiente digital que organiza e estimula a prática leitora durante as aulas e contribui para o incentivo à leitura entre jovens.
A professora de Língua Portuguesa, Silvialine Boeno Santiago, acompanhou de perto todas as fases. “Em alguns momentos, precisei estar mais presente, especialmente na definição das funcionalidades dos apps e nos testes com os alunos, mediando feedbacks. Também estive junto na construção acadêmica do trabalho, ajudando a encontrar e selecionar a bibliografia para os artigos”.
O impacto do projeto já é perceptível entre os estudantes do colégio, tanto pelo uso dos recursos físicos quanto pelos digitais. Ferramentas como o Diário de Leitura e o Clube do Livro continuam sendo essenciais. Segundo Louise, “recursos físicos são muito importantes: eles trazem uma sensação de progresso e pertencimento que nem sempre podem ser alcançados com o digital”.
Para a professora Silvialine, essa combinação tem inspirado outros alunos a se envolverem mais com a leitura e com a pesquisa científica. “Quando os colegas veem a Louise apresentando o Clube do Livro e os aplicativos em grandes feiras, eles passam a acreditar que também podem chegar lá”. Ela explica que o projeto também influenciou práticas pedagógicas da escola. “Com o Clube do Livro e, depois, com os aplicativos, a leitura passou a ser vista mais como experiência contínua do que apenas conteúdo de prova”.
Atualmente, o Conecta já é utilizado em salas de aula do Colégio Positivo – Jardim Ambiental e até serviu de referência para a criação de um futuro aplicativo institucional, mostrando como a visão de equilíbrio entre ferramentas digitais e materiais físicos defendida por Louise tem ampliado o incentivo à leitura entre jovens dentro da escola.
De acordo com Louise, sua trajetória na pesquisa e relação com a leitura é fruto também do incentivo que recebeu dentro da escola durante esses três anos. “Tenho medalhas e outros prêmios que ganhei do Colégio Positivo como incentivo à leitura. Guardo com muito carinho até hoje a medalha que ganhei de ‘leitora do trimestre’ quando tinha 8 anos”, conta.
Além disso, Louise explica que a FEBRACE 2025 abriu caminhos importantes para o desenvolvimento da parte 3 da pesquisa e ampliou seu olhar sobre o projeto. Entre os momentos que mais a motivaram, ela destaca o contato com o público, especialmente as crianças. “Elas se mostram fascinadas pelos materiais do projeto, o que me transmite a sensação de que estou compartilhando meu amor pela leitura”.
Animada com o alcance que o trabalho vem conquistando, Louise pretende seguir aprimorando o projeto no Ensino Médio e ampliando seu impacto. “A prática leitora é promovida sempre visando o prazer que a leitura proporciona, mudando como os adolescentes enxergam os livros”, finaliza.
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E-mail: lendoeaprendendo.projeto@gmail.com
